'Eu vou ser as pernas dela', diz mãe de mulher atropelada e arrastada por carro em SP

  • 07/12/2025
(Foto: Reprodução)
'Eu vou ser as pernas dela', diz mãe de mulher atropelada e arrastada por carro em SP Uma imagem chocou o Brasil na última semana: Tainara Souza Santos, de 31 anos, sendo atropelada pelo carro de Douglas Alves da Silva, de 26 anos. Arrastando Tainara por cerca de um quilômetro, ele muda de faixa e ainda realiza ultrapassagens. Os outros motoristas não conseguem acreditar no que estão vendo. "Tá arrastando a mina na marginal! A mina tá embaixo do carro, desgraçado", diz uma das pessoas que filmaram a cena. O Fantástico deste domingo (7) conversou com a mãe da vítima. "Eu como mãe ainda fico... Eu fico pensando assim... As pernas dela, ela no sofrimento ali, o povo buzinando, as pessoas buzinando", disse Lúcia Aparecida Souza da Silva. "Ele foi pra matar mesmo. Ele não tem coração, não tem justificativa, não tem". Tainara, vítima de atropelamento em SP Reprodução/Fantástico Lúcia contou que Tainara é uma mulher trabalhadora e que ama dançar. No sábado, 29 de novembro, Tainara caminhava com um amigo depois de sair de um bar na Zona Norte de São Paulo. De repente, ocorre o atropelamento, e ela fica presa debaixo do carro dirigido por Douglas. Um amigo que também estava no carro confirmou à polícia que Douglas atropelou Tainara e ainda puxou o freio de mão e acelerou para tentar matá-la. Disse, ainda, que Douglas namorava Tainara, mas ela havia terminado o relacionamento. E que minutos antes do atropelamento, Douglas ficou enfurecido ao vê-la conversando com outro rapaz. Uma discussão começou e, por isso, de acordo com o depoimento, Douglas jogou o carro em cima de Tainara. Tainara teve as duas pernas amputadas. Ela passou por mais três cirurgias e continua internada na UTI do Hospital das Clínicas, sedada e em estado grave. "Ela é forte, ela está se recuperando, se recuperando assim devagarzinho, aos poucos", disse a mãe ao Fantástico. Douglas fugiu sem prestar socorro, mas foi preso no dia seguinte. Ele responde por tentativa de feminicídio. Douglas Alves da Silva, que atropelou Tainara Reprodução/Fantástico Ele já havia sido preso em 2023 por portar uma pistola 9mm. Em junho, firmou um acordo com a Justiça, confessando o crime para obter o benefício. Cinco meses depois, descumpriu o acordo e cometeu o atropelamento que deixou a vítima gravemente ferida. "Eu vou ser as pernas dela, ela tem muito amor, vai ter muito carinho da gente, das amigas, dos familiares", afirma Lúcia, mãe de Tainara. "Ela vai ser feliz de novo". "Hoje foi a Tainara, amanhã a Evelyn, amanhã a Edna, amanhã a Maria, né? Gente, isso tem que mudar!", disse. A defesa de Douglas Alves da Silva disse que eles não se conheciam, que a briga do Douglas era com o amigo de Tainara e que ele vai provar isso na Justiça. Outros casos No dia 26 de outubro, em Belém, outra mulher foi arrastada por um homem depois de uma discussão na rua. Felipe Nunes, médico de 30 anos, tem uma discussão com a namorada e acelera com ela pendurada pela janela do veículo. A mulher foi arrastada por mais de duzentos metros. Depois que ela caiu no chão, Felipe foi embora, sem prestar socorro. Ele responde por tentativa de feminicídio. Ao Fantástico, a defesa de Felipe refutou que ele tenha tentado matar a parceira. "Ele poderia, quando parou o veículo, se ele quisesse realmente ceifar a vida dela, teria atropelado ela. Ele não fez isso, ele foi embora", afirmou o advogado Humberto Boullosa. Felipe já havia sido denunciado por outra ex-namorada por violência moral, psicológica e física contra ela. Aumento das vítimas no Brasil A história de Tainara não é um caso isolado. É mais um exemplo da violência — rotineira — de homens contra mulheres no Brasil. O feminicídio atingiu sua alta histórica no ano passado. Foram 1.492 casos. Em média, quatro mulheres assassinadas por dia apenas pela condição de ser mulher Os principais agressores: companheiros e ex-companheiros. O recorde aconteceu no mesmo ano em que a pena ficou ainda mais dura: hoje, quem comete feminicídio pode ser condenado a até 40 anos de prisão. “A gente está vivendo uma escalada nos casos de violência contra a mulher, de forma mais específica com relação ao feminicídio", explica Juliana Brandão, pesquisadora do Fórum Brasileiro de Segurança Pública. "A gente não tem mais nenhum tipo de barreira para a violência física. Ela é feita com requintes de crueldade. Não basta matar a mulher. Eu preciso humilhar, eu preciso subjugar, eu preciso colocá-la numa situação de completa violação de direito", diz a especialista. Para a ministra do STF, Cármen Lúcia, a Justiça precisa atuar com urgência no combate à violência contra a mulher. Ela defende a criação de uma rede que unifique esforços e ofereça apoio efetivo às vítimas. "Para que a gente previna e acolha mulheres vulnerabilizadas, previna crimes ilícitos praticados contra as mulheres, todos os tipos de violência", disse. Tainara segue em estado grave no Hospital das Clínicas Reprodução/Fantástico Ouça os podcasts do Fantástico ISSO É FANTÁSTICO O podcast Isso É Fantástico está disponível no g1 e nos principais aplicativos de podcasts, trazendo grandes reportagens, investigações e histórias fascinantes em podcast com o selo de jornalismo do Fantástico: profundidade, contexto e informação. Siga, curta ou assine o Isso É Fantástico no seu tocador de podcasts favorito. Todo domingo tem um episódio novo.

FONTE: https://g1.globo.com/fantastico/noticia/2025/12/07/eu-vou-ser-as-pernas-dela-diz-mae-de-mulher-atropelada-e-arrastada-por-carro-em-sp.ghtml


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