'Educação é resistência para quem nasce sem herança', diz professor de escola quilombola do AP
15/10/2025
(Foto: Reprodução) “Educação é resistência para quem nasce sem herança”, diz professor de escola quilombola
O professor Bruno Brandão, de 30 anos, atua há três anos na Escola Estadual Professor David Miranda dos Santos, localizada na comunidade de Porto do Céu, na zona rural de Macapá. A unidade é quilombola e fica às margens do Rio Matapi, um dos afluentes do Rio Amazonas. Para ele, ensinar é mais que profissão: é um ato de resistência.
Para Bruno, o trabalho na escola fortalece as raízes, a história e o futuro dos alunos. O educador é formado em geografia pela Universidade Federal do Amapá (Unifap).
“Me sinto parte da escola e não me vejo em outro lugar. Trabalhar em uma escola quilombola tem um significado especial, principalmente por ser na zona rural. Nossos alunos precisam ter acesso a novas experiências”, relembra Bruno.
Bruno estudou em escola pública desde criança. Inspirado por professores e familiares, decidiu seguir carreira na educação.
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O professor afirma que, por estar na zona rural, a escola oferece menos oportunidades do que as instituições do centro da capital. Por isso, é necessário que os alunos se sintam pertencentes ao ensino.
Em sala de aula, ele compartilha sua trajetória com os alunos para incentivar o ingresso em universidades públicas.
"A educação é um ato de resistência para a gente que nasce desprovido de herança, de berço. A educação é o caminho, ela é algo que se te roubarem, entrarem na tua casa e roubarem tudo que você tem de material, a única coisa que vai ficar é a educação, é o conhecimento que você adquiriu. Então, sendo professor aqui conseguimos tocar nossos alunos e despertar certas vivências", descreveu Bruno.
✊ Educação ancestral
Bruno faz parte do projeto Identidade Cultural, que ensina aos alunos a história afro-brasileira e promove o sentimento de pertencimento.
Com apoio do professor, quatro alunas criaram um jogo de tabuleiro sobre a história afro-amapaense. A proposta venceu a segunda etapa da Olimpíada Brasileira de Cartografia (Obrac).
Escola quilombola do Amapá vence etapa regional da Olimpíada de Cartografia com jogo sobre cultura afro-amapaense
O objetivo do projeto é despertar o pertencimento nos alunos. Bruno acredita que a educação liberta e não deve se limitar à sala de aula.
📚 Dia dos Professores: homenagem à educação tem origem histórica
No Brasil, o Dia dos Professores é celebrado em 15 de outubro. A data foi criada oficialmente em 1963, por decreto do governo federal.
A escolha do dia tem origem histórica. Em 15 de outubro de 1827, Dom Pedro I assinou uma lei que criou as primeiras escolas de ensino básico no país, chamadas de “Escolas de Primeiras Letras”.
Em 1947, um grupo de professores em São Paulo sugeriu a criação de uma data para homenagear a profissão. A proposta ganhou força e, anos depois, virou oficial.
A ideia partiu do professor Salomão Becker, de Piracicaba (SP). Ele se inspirou em uma tradição local, onde os alunos levavam doces e salgadinhos para celebrar com os professores.
Professor Bruno atua na escola há 3 anos
Bruno Brandão/Arquivo pessoal
Professor Bruno Brandão, de 30 anos
Bruno Brandão/Arquivo pessoal
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