Confusão na Câmara de Porto Alegre deixa vereadores feridos, e parlamentar pede permissão para portar arma
16/10/2025
(Foto: Reprodução) Tumulto, gás e bala de borracha em Sessão da Câmara de Vereadores de Porto Alegre
Pelo menos cinco vereadores e um deputado estadual tiveram ferimentos durante a confusão na Câmara de Vereadores de Porto Alegre nesta quarta-feira (15), após forças de segurança utilizarem gás lacrimogênio e balas de borracha para dispersar parlamentares e manifestantes barrados de entrar no plenário. Entenda melhor abaixo.
Por meio de suas redes sociais, a vereadora Atena Roveda (PSOL) afirmou que precisou ser atendida no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre após ser atingida por spray de pimenta no rosto, estilhaços de bombas e balas de borracha nas pernas.
Também por meio das redes sociais, o deputado estadual Matheus Gomes (PSOL) afirmou que a parlamentar já havia ido para casa ainda na noite de quarta.
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Outros quatro vereadores e um deputado estadual relataram ferimentos após a confusão, segundo comunicados de suas redes sociais e informações apuradas por GZH:
Giovani Culau (PCdoB) afirma ter sido atingido com tiro de bala de borracha na perna. Ele foi atendido no ambulatório da Câmara.
Erick Dênil (PCdoB) também foi atingido com disparo de bala de borracha na perna.
Grazi Oliveira (PSOL) registrou em suas redes sociais que passou mal após ser atingida com spray de pimenta no rosto e mostrou ferimentos de balas de borracha na perna e no peito.
Natasha Ferreira (PT) foi atingida com bomba de gás lacrimogêneo e spray de pimenta no rosto.
Além deles, o deputado Miguel Rossetto (PT) foi atingido com bala de borracha nas costas. Ele não precisou de atendimento médico.
Manifestantes entraram em confronto com a Guarda Municipal em frente à Câmara de Vereadores de Porto Alegre
Elson Sempé Pedroso/CMPA
Vereador pede permissão para 'andar armado no plenário'
Durante a confusão, o vereador Marcelo Ustra (PL), conhecido como Coronel Ustra, pediu permissão para a presidência da Câmara para "andar armado no plenário" caso os manifestantes fossem autorizados a entrar na Casa. (Veja vídeo abaixo)
"Gostaria de pedir que os vereadores que possuem porte de arma de fogo possam, se abertos os portões, andar armados aqui no plenário. Porque se abrir os portões sem o protocolo de segurança nós estamos inseguros", afirmou.
De acordo com o regimento interno da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, "cabe ao Serviço de Segurança executar as determinações da Presidência no sentido de manter a ordem nas dependências da Câmara, especialmente impedindo o ingresso de pessoas armadas no recinto, inclusive vereadores"
O requerimento do vereador Ustra, no entanto, não foi votado até o fim da sessão.
Vereador pede autorização para entrar armado na Câmara de Porto Alegre
O tumulto
A confusão começou após a vereadora Nádia Gerhard (PL), presidente da Câmara, acionar um protocolo de segurança que restringiu a entrada no plenário Otávio Rocha.
Parlamentares acompanhavam um grupo de manifestantes que tentava ingressar no Legislativo para acompanhar a sessão.
Dois projetos dos quais os manifestantes eram contrários seriam votados na sessão: um deles restringe a atuação de catadores na cidade, e o outro tratava da concessão do Departamento Municipal de Água e Esgoto (Dmae) à iniciativa privada.
A sessão foi retomada pela líder da Mesa Diretora pouco depois das 18h, sob protestos da oposição. Cerca de meia hora depois, a sessão foi encerrada.
Vereadoras da oposição consideram a ação das forças de segurança como autoritária. "É inaceitável o que aconteceu. Vereadores da Casa foram atacados na Casa do Povo, na Câmara de Vereadores, tentando mediar. A gente queria que o povo tivesse o direito de entrar na casa", afirmou Grazi Oliveira (PSOL).
A conduta da Guarda Municipal será analisada pela Câmara após os confrontos. A presidente da Casa destacou que todas as ações foram registradas: "Os nossos guardas municipais têm as câmeras corporais, todas as imagens foram filmadas, e nós vamos fazer análise devida para que a gente possa saber o que aconteceu realmente".
"O Parlamento é um espaço legítimo de debate, de divergências, mas jamais de desordem ou de desrespeito a qualquer tipo de regra", afirmou a presidente.
Segundo ela, "por questão de segurança, foi necessária a intervenção da Guarda Municipal para garantir a integridade dos vereadores, dos assessores, da própria imprensa e das pessoas que estavam assistindo à sessão".
A administração municipal informou que o prefeito Sebastião Melo determinou à Secretaria Municipal de Segurança (Smseg) a abertura de Inquérito Preliminar Sumário (IPS) para apurar fatos envolvendo a Guarda Civil Metropolitana e manifestantes.
O procedimento deve averiguar todos os elementos que contribuíram para o ocorrido, incluindo as imagens de câmeras corporais dos agentes de segurança.
Erick Dênil (PCdoB) foi atingido com disparos de bala de borracha na perna durante tumulto na Câmara de Vereadores de Porto Alegre
Ederson Nunes/CMPA
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